segunda-feira, 17 de julho de 2017

Temer diz ser “normal” gastar R$ 15 bi para barrar denúncia na CCJ

Quem acha isso normal, não é normal

Em nota divulgada à imprensa pelo Ministério do Planejamento, o Governo Temer diz ser "normal" liberar R$ 15 bilhões para convencer os deputados a barrar a denúncia por corrupção passiva contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Somente em junho, Temer ordenou a liberação de R$ 1,8 bilhões em emendas parlamentares e mais R$ 96 bilhões somente no primeiro semestre de 2017.

Dois terços dos deputados que votaram na CCJ estão pendurados no STF

Viomundo, 17/07/2017 às 04h37
Darcísio Perondi e Beto Mansur, integrantes da tropa de choque de Temer, não têm currículo, mas, sim, ficha corrida

A JUSTIÇA É PARA TODOS?

Sobre a celeridade seletiva da Justiça que promove privilégios, aprofunda desigualdades e a ficha corrida dos nossos doutos e probos deputados.


13/07/2017- Brasília- DF, Brasil- Deputados da tropa de choque de Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, entre eles (á dir.) Darcísio Perondi (PMDB/RS) ujo pedido de investigação por crime de improbidade administrativa está parado no STF desde 30/04/2004. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/fotos publicas

No final dos anos 1970 o Senador Teotônio Vilela, um liberal, em suas andanças pelo país pregando a redemocratização, pronunciou palavras que merecem registro e meditação. Dizia ele: “As decisões dos tribunais são a última etapa da vida do direito. Sem um funcionamento adequado da organização judiciária, o país caminharia para a desordem e a descrença nas suas instituições políticas.”

A sentença do juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente Lula com base em suposições e desconsiderando as provas contidas nos autos, tornou-se, conforme declaração de seus advogados, “um processo ilegítimo e usado para fins políticos”, retrocedendo o funcionamento da organização judiciária para as práticas da ditadura militar combatidas pelo Menestrel de Alagoas, como Teotônio era chamado à época.

O judiciário e setores do Ministério Público Federal ao condenar Lula sem provas de acusação, mais uma vez interferem no processo político do país, com o objetivo de excluir Lula, que lidera todas as pesquisas para as eleições de 2018. Querem consolidar o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, transformando a justiça brasileira em ferramenta do poder político beneficiado pelo golpe.

Enquanto a justiça do Paraná deu o primeiro passo para afastar Lula da corrida presidencial de 2018, o STF faz vista grossa à manobra de Temer que escolheu quem iria julgá-lo na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJ).

É preciso que antes de ser afastado, Temer faça o serviço sujo de retirada de direitos, desmonte das políticas públicas implementadas nos 13 anos de governos petistas e a entrega das riquezas do país as grandes corporações estrangeiras, associadas a setores do empresariado nacional, “limpando a imagem” dos candidatos dos partidos da base do governo que concorrerão nas eleições de 2018, de suas responsabilidades.

Os partidos PMDB, PP, PR, PRB, PSB, PTB e Solidariedade desde o dia da instauração do processo na CCJ, trocaram 13 deputados titulares e lograram derrubar por 40 a 25 o parecer do deputado Zveider, que orientava o voto favorável à autorização de abertura de inquérito contra o Temer.

Dos afastados, por exemplo, Major Olímpio, Esperidião Amin, Delegado Waldir, Jorginho Mello e outros declararam com antecedência à Folha de São Paulo, que votariam a favor da abertura do processo.

Entre os deputados e deputadas que foram para a CCJ como tropa de choque de Temer estão Darcísio Perondi (PMDB/RS), cujo pedido de investigação por crime de improbidade administrativa está parado no STF desde 30/04/2004, assim como também estão parados os processos do Deputado Beto Mansur (PRB/SP), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, que aparece em 7 inquéritos, 2 ações penais e 3 pedidos de investigação, respondendo nestes processos por trabalho escravo, crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral e crimes de responsabilidade, aquele usado como argumento para o impeachment de Dilma.

Em 19 de setembro de 2016, o juiz Sérgio Moro abriu o processo do Triplex contra Lula, com base na teoria do domínio do fato e apresentou a sentença em 10 meses. Já a Ação Penal 580 do réu Beto Mansur sobre crimes de responsabilidade de quando foi prefeito de Santos entre 1997 a 2004, foi aberta em 18/03/2011 e até hoje não foi julgada, assim como a Ação Penal 635 onde o mesmo réu é acusado de manter trabalhadores em regime de escravidão, que também é de 2011.

O Senador Paulo Bauer do PSDB declarou sobre a condenação de Lula que a lei vale para todos. Ele responde desde 2008 a processo por peculato, que está parado desde 2013 no STF. A lei é para todos, mas a prioridade de ter julgado os processos e a celeridade só se aplica à alguns.

Vários políticos declararam que a condenação de Lula é um exemplo contra a impunidade, mas a sentença de Sérgio Moro confrontada com os processos de políticos que se arrastam no STF, apontam que a situação está mais para perseguição política do que para a eficiência do judiciário contra crimes de colarinho branco e autoridades.

Dos 66 parlamentares que votaram sobre a autorização para abertura de processo contra Temer, 44 possuem pendências no STF, gerando um volume de 28 petições, 106 inquéritos, sendo 47 abertos entre 1983 a 1999 e até hoje sem julgamento final, além de 19 ações penais, envolvendo 13 dos parlamentares da CCJ, com tramitações bem lentas.


Alguns destes processos são fruto comum do embate político, como no caso de Alessandro Molon, da REDE, que consta na lista unicamente por acusação de calúnia do já difamado ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente preso em Curitiba.

Mas, considerando o universo dos 66 deputados, entre estes procedimentos figuram crimes como de abuso de autoridade, ameaça, coação no curso do processo, tortura, homicídio simples, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, “lavagem” ou ocultação de bens, direitos ou valores; apropriação indébita previdenciária, corrupção passiva, crimes ligados à Lei de Licitações, quadrilha ou bando e também crimes previstos na legislação extravagante, captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral, crimes eleitorais diversos e muitos, muitos crimes de responsabilidade.

Com tantos processos de políticos tramitando no STF, a celeridade contra petistas do mensalão se mostra exceção à regra, apontando um outro elemento da participação do judiciário no golpe de 2016.

A impunidade dos parlamentares no Brasil, afronta a igualdade de todos perante a justiça e é fruto de um judiciário permissivo, complacente com o crime de colarinho branco e de autoridades, sendo duro com a população em geral, como o caso de Rafael Braga condenado injustamente e preso no Rio de Janeiro, antes do julgamento, por portar um perigoso pinho sol durante as manifestações de 2013.

A sentença de Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula impõe aos juízes do recurso da defesa no TRF4, mais do que julgá-lo, decidir sobre os rumos do funcionamento da organização judiciária no Brasil.

Validar a decisão política da justiça na primeira instância contra Lula nos termos apresentados, é sucumbir ao desmonte do estado democrático de direito. País que planta exclusão, colhe violência.

PMs acusados de participação em chacina no Pará, adoecem de uma vez só

Todos os 11 policiais militares acusados de ter participado da chacina que deixou 10 trabalhadores rurais mortos em Pau d’Arco, no dia 24 de maio deste ano, solicitaram ao comando da Polícia Militar (PM) licença para tratamento de saúde poucos dias após o massacre.
E o mais interessante: os pedidos foram concedidos, com data retroativa a 29 de maio, em que pese os mesmos policiais estarem presos desde segunda-feira (10), uma manobra para blindar acusados.
O DIÁRIO teve acesso ao boletim geral da PM, de número 133, publicado ontem (13), onde é publicada a concessão da licença de 60 dias para cada um dos suspeitos.
O documento é assinado pelo diretor de pessoal da PM, coronel Paulo Eduardo Mendes de Campos, que concedeu a licença mediante um relatório complementar de ação psicossocial, feito no dia 19 de junho, e homologado pelo médico perito isolado, 1º tenente Ivan Cesar de Castro Júnior, que, em Redenção, prestaria serviços ainda como médico ginecologista, segundo uma pesquisa feita pela reportagem.
O período de licença do tratamento para os policiais militares começou a vigorar no dia 29 de maio, 5 dias após os assassinatos na fazenda Santa Lúcia.
Foram beneficiados, na ocasião, os seguintes policiais lotados em Redenção: tenente-coronel Carlos Kened Gonçalves de Souza, 2º tenente Rômulo Neves de Azevedo, 2º sargento Adivone Vitorino da Silva, terceiros sargentos Orlando Cunha de Sousa e Ronaldo Silva Lima, cabos Weliton da Silva Lira, Ricardo Moreira da Costa Dutra e Cristiano Fernando da Silva e os soldados Rodrigo Matias de Sousa, Jonatas Pereira e Silva, Neuily Sousa
A Justiça do Pará expediu 13 mandados de prisões temporárias contra policiais acusados de participarem da chacina.
Os crimes ocorreram após mandados de prisão, busca e apreensão na fazenda.
Na época, o Governo do Estado alegou que houve confronto entre policiais e os ocupantes da área.
Os mandados de prisão foram expedidos na última sexta-feira (7), pelo juiz de Redenção, Haroldo Silva da Fonseca, a pedido do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
Os promotores de Justiça de Redenção, Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Dantas e Leonardo Lima Caldas, assinaram o pedido de prisão temporária com base na delação de 2 policiais civis.
Segundo a lei, a prisão é por 30 dias, pois trata-se de crime hediondo, podendo ser prorrogada por igual período.
Após esse prazo, os policiais podem ser liberados ou ter pedido de prisão definitiva decretada.

Toledo: fortuna que Temer torrou na compra de parlamentares será inútil


"Depois do recesso de julho, os deputados voltarão a Brasília com uma medida precisa do tamanho da resistência de suas bases eleitorais ao apoio que venderam ao presidente. A chance de não entregarem o prometido à Turma do Pudim aumenta. O bilhão de reais em emendas parlamentares liberado por Temer pode revelar-se o mais inútil da dispendiosa história parlamentar nativa", diz o colunista José Roberto de Toledo.

El País: “juízes tomaram o poder” no Brasil


A manchete do jornal espanhol El Pais no domingo foi enfática: "Brasil, o país em que os juízes tomaram o poder".

Citando a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a extensa reportagem mostra como o poder Judiciário assumiu o protagonismo e deixou o País refém de suas decisões.

A reportagem foi apenas mais uma da longa lista de menções negativas ao país na mídia estrangeira, que retrata o Brasil cada vez mais como uma república de bananas.

O periódico espanhol considera ainda que a nomeação de Raquel Dodge para a PGR foi um recado de Michel Temer aos juízes e ao Ministério Público Federal.

Ao não seguir a tradição de escolher a mais votada, o peemedebista estaria sinalizando que pretende combatê-los.

Pré-Sal, que Temer entrega, bate novos recordes


Impulsionada pela atividade dos campos da região do pré-sal da Bacia de Santos, a Petrobras atingiu em junho um novo recorde na produção de petróleo e gás natural, com uma produção de 2,81 milhões de barris de óleo equivalente por dia (petróleo e gás).

A produção no pré-sal bateu novos recordes em junho e atingiu 1,35 milhão de barris/dia.

Apesar do sucesso, o governo Michel Temer permitiu que a Petrobras, sob o comando de Pedro Parente, cedesse campos do bloco às empresas Statoil, da Noruega, e Total, da França.

A política de conteúdo nacional para equipamentos do setor também foi desmontada.

Chico adere a campanha pela anulação do golpe


Ação popular em favor da anulação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff avança com a assinatura de trabalhadores, estudantes, artistas, intelectuais e ganha força com a adesão de nomes de peso dentro e fora do cenário político, como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), do senador Lindbergh Farias (RJ) e do ex-presidente Lula, além de artistas como Chico Buarque, Dira Paes e Marieta Severo.

Lançada no dia nacional de paralisação convocado pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais, no último dia 30, a ação popular pretende reunir 1,3 milhão de assinaturas para pressionar o Supremo Tribunal Federal a anular o impeachment, que colocou no poder um governo assolado por denúncias de corrupção, alem de ter quebrado a economia e deixado mais de 14 milhões de desempregados.

Constatação: Justiça com dois pesos e duas medidas

O mesmo juiz que condenou Lula, absolveu Cláudia Cruz e Adriana Ancelmo contra quem havia várias provas materiais, como contas bancárias abastecidas com propina no exterior, bens e serviços como jóias, carros, mansões, viagens e tudo mais pagos com dinheiro público desviado... 

A justiça brasileira também arquiva processos conta Aécio Neves e devolve seu cargo público; Libera Perrela que teve seu helicoca devolvido depois de um flagra da policia, encontrando quilos de cocaína.... etc. etc. etc. 

Além disso, a condenação saiu um dia depois da aprovação da reforma trabalhista? Coincidência??? Há algo de podre na justiça do Brasil!

domingo, 16 de julho de 2017

Constatação

Quando Temer diz ‘caríssimos’ deputados, é isso mesmo que quer dizer (porque eles estão caros demais). Requião

Os senadores, por estado, que votaram contra os trabalhadores

Dalmo Dallari: condenação de Lula não tem fundamento legal


"A condenação de Lula pelo Juiz Sérgio Moro em processo criminal, sem que na sentença tenha sido apontada a prática de qualquer crime, é manifestamente ilegal, não devendo prevalecer. Além disso, a condenação sem fundamento legal deixa também evidente a motivação política da decisão, o que configura um comportamento inconstitucional do Juiz Sérgio Moro, sujeitando-o a uma punição pelos órgãos superiores da Magistratura", afirma Dalmo Dallari, professor de Direito da USP.

Compra da sobrevida de Temer custou R$ 15 bi


A permanência de Michel Temer no poder custa cada vez mais caro ao Brasil; levantamento do jornal O Globo, que liderou o golpe contra a presidente legítima Dilma Rousseff, demonstra que a vitória de Temer na Comissão de Constituição e Justiça custou nada menos que R$ 15 bilhões – dos quais, R$ 1,9 bilhão em emendas parlamentares e R$ 13.4 bilhões em recursos liberados para aliados para aliados políticos.

Dilma caiu acusada de "pedaladas fiscais", mas manteve superávits em todos os anos do primeiro mandato e teria apenas um déficit em 2015, que poderia ter sido zerado com a volta da CPMF. Temer trabalha com metas de "ajuste fiscal" da ordem de R$ 179 bilhões – e mesmo assim pode ser incapaz de cumpri-las.

Onde falta razão, sobra ignorância

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, eu entregar meus direitos trabalhistas;


Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, aceitar trabalhar até morrer;

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, me calar diante da precarização da educação e da saúde;

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, viver um presente de humilhações, um futuro de incertezas e um passado de idiotices;

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, ser capataz e, portanto, capacho;

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, permanecer inerte, mesmo que me tirem tudo;

Eu não posso, em nome do meu ódio ao PT, entender que antes era correto lutar contra a corrupção, e agora cruzar os braços, mesmo que todos paguem a conta;

Onde falta razão, sobra ignorância!

sábado, 15 de julho de 2017

Temer se defende da acusação de corrupção praticando-a

*Alex Solnik

Imagine a cena. Está rolando um julgamento. De repente, a defesa percebe que a maioria dos jurados vai votar contra a sua tese. O advogado se desespera? Se descabela? Pede ajuda os universitários? Não, troca simplesmente os jurados que iam votar contra por outros que ele convenceu, de algum modo, provavelmente corrompendo-os, a votar a favor.

Foi o que aconteceu na espúria reunião da CCJ que mais uma vez expôs as vísceras corruptas do governo.

Temer não tinha votos para derrubar o relatório de Sérgio Zveiter que acolheu a denúncia de Janot. Mandou, então, trocar os aliados que diziam abertamente que votariam contra ele por outros que concordaram em votar a favor.

Os argumentos que os convenceram ninguém sabe exatamente quais foram, embora se saiba que tudo o que esse governo faz é proibido, imoral ou engorda.

Ao menos um dos deputados trocados, o delegado Waldir, chamou o governo de corja de ladrões para baixo e disse que venderam o voto do seu partido.

Ninguém contestou.

Qualquer pessoa decente sentiria vergonha de ganhar desse modo, fazendo gol de mão. Temer, não: mandou dizer que foi uma vitória da democracia.

Eu não sabia que era esse o novo nome da ditadura de corruptos.

Temer se defende da acusação de corrupção fazendo o que seu grupo faz melhor: praticando-a.

*Jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

Alex Solnik/Brasil247, 14/07/17

Audálio Dantas diz: "O que estão fazendo com Lula não tem outra palavra senão sacanagem"


Jornalista que entrou para a história do Brasil ao ajudar a derrubar a ditadura militar de 64, Audálio Dantas diz que “o que estão fazendo com Lula desde o começo não tem outra palavra para classificar senão sacanagem”.

“Defendo o direito dele de se candidatar e não sofrer as safadezas que armam contra ele”, afirma.

Ele não entende como Temer ainda não caiu: “Eu nunca vi um presidente da República com tantas evidências, claríssimas evidências de comportamento ruim, não só do ponto de vista da corrupção. Isso está claro”.

Moro e a morte do direito

*Wadih Damous/Brasil247, 15 de Julho de 2017

Juiz Moro e Temer, sorridentes 

A decisão judicial que condenou o ex-presidente Lula pode ser analisada por três aspectos: o técnico-jurídico, o histórico e o psicanalítico. Os dois primeiros absolvem o acusado, o terceiro ajuda a explicar aquilo que, na lição do jurista italiano Franco Cordero, se denominou quadro mental paranoico do juiz.

Do ponto de vista do rigor técnico-jurídico é importante afirmar que a sentença afronta a exigência constitucional de que fundamentadas sejam todas as decisões judiciais, ainda mais quando está em jogo a vida e a liberdade alheias. Só é legítima e válida a decisão judicial que indicar, concretamente, as suas premissas lógicas e o caminho racional percorrido pelo magistrado para resolver a contradição entre acusação e defesa.

Resolver essa dialética implica, portanto, em trabalho rigoroso de análise da prova colhida durante o processo e se ela seria suficiente para comprovar o quanto alegado na denúncia.

Alguns dados ajudam a compreender a absoluta nulidade da sentença que condenou o ex-presidente Lula. Cerca de 60 páginas, 30% da sentença, são utilizadas pelo juiz para se defender de acusações de arbitrariedades por ele praticadas contra o acusado e nos processos em que atua. Só 8%, cerca de 16 páginas, são utilizados para rebater e se contrapor ao que o acusado afirmou em seu interrogatório, e apenas 0,4% é dedicado às testemunhas da defesa, menos de uma página de um total de 218.

A questão central do processo, a titularidade do imóvel que teria sido recebido em contrapartida aos atos que beneficiariam empresas, é tratada pelo juiz com absoluto desdém, a ponto de dizer que no processo "não se está, enfim, discutindo questões de direito civil, ou seja, a titularidade formal do imóvel, mas questão criminal".

Ora, para resolver o processo era fundamental que o Ministério Público provasse ter o ex-presidente recebido o referido imóvel em troca de favorecimentos a terceiros e, para o Código Civil, a única forma disso acontecer é com a transferência da sua titularidade.

Em resumo, a sentença pode ser caraterizada como uma expiação narcísica de atos autoritários do juiz, preenchida pelo profundo desprezo aos argumentos da defesa e pela miséria jurídica e intelectual. Lula estava condenado antes mesmo de ser julgado.

A ânsia em condenar a maior liderança popular do Brasil fez com que o juiz furasse uma fila de quatro processos de outros acusados que estavam prontos para sentença desde o ano passado. Tudo isso pela vaidade de tentar recuperar um protagonismo perdido, fruto do crescimento das críticas de setores sociais que antes o apoiavam.

O juiz que já havia favorecido Michel Temer ao criminosamente gravar a presidenta Dilma Rousseff e depois divulgar o conteúdo da gravação, novamente o faz, proferindo sentença absolutamente ilegal, em meio ao julgamento pela Câmara dos Deputados da admissibilidade de denúncia oferecida perante o STF.

É simbólico que a sentença contra Lula tenha sido proferida no dia seguinte à criminosa condenação dos direitos trabalhistas pelo governo ilegítimo que Moro ajudou a estabelecer e agora ajuda a se manter com suas estapafúrdias, ilegais e atabalhoadas decisões judiciais.

A esperança é que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região possa, de forma imparcial, reformar a sentença e corrigir essa injustiça manifesta contra o ex-presidente e sua família. No julgamento da história, no entanto, Lula já foi absolvido.

*Deputado federal pelo PT/RJ e ex-presidente da OAB/RJ

Os passos da denúncia contra Temer

Doria diz que mito Lula só acaba se ele perder nas urnas


Prefeito de São Paulo, que postula a candidatura do PSDB à presidência da República, voltou a se manifestar contra a estratégia de parte da direita brasileira, que tenta garantir o poder no tapetão, impedindo que o ex-presidente Lula seja candidato em 2018, por meio de manobras judiciais.

"O mito só termina na derrota eleitoral", disse Doria. "Vamos derrotar o Lula nas urnas e depois colocar o senhor Luiz Inácio na prisão".

Condenado sem provas na semana passada, Lula lidera todas as pesquisas e Doria não se manifesta sobre Michel Temer, tido como corrupto por 80% dos brasileiros, nem Aécio Neves, campeão de inquéritos na Lava Jato.

Lula apresenta primeiro recurso ao próprio Moro



No final desta sexta-feira 15, os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolaram recurso dirigido ao próprio juiz Sérgio Moro, conhecidos como embargos de declaração, para esclarecer omissões e contradições presentes na sentença proferida no último dia 12, em que ele foi condenado a nove anos e meio de prisão.

Só após o julgamento desses embargos de declaração a defesa irá impugnar a sentença por meio de recurso de apelação, dirigido ao Tribunal Regional Federal da 4a. Região.

Com isso, enfraquece-se a estratégia da direita que tenta promover uma segunda condenação a jato de Lula, para que ele fique impedido de disputar as próximas eleições.

Fiasco de Temer consolida disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro


A mais recente pesquisa eleitoral sobre 2018, realizada pelo Instituto DataPoder360, aponta um forte crescimento do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que se consolida na segunda posição, com 21% das intenções de voto, bem à frente de seus adversários tucanos.

Em todos os cenários, o segundo turno seria disputado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera isolado, e Bolsonaro.

O mau desempenho do PSDB pode ser atribuído à aliança com Michel Temer, considerado corrupto por 80% dos eleitores – percentual aproximado dos que desejam mudança (81%).

A pesquisa também revela que 51% dos eleitores jamais votariam em um candidato tucano.